RUI MENDES
O CONGRESSO E A AUSTERIDADE OCULTADA
Muito haveria para analisar e comentar esta semana.
Contudo, esta crónica abordará dois temas: o congresso
do CDS e as declarações proferidas pelo primeiro-ministro esta semana em
Estrasburgo.
O Congresso foi o palco para mostrar ao país a ambição
do CDS, quer em crescer, quer em ser o partido da oposição ao Governo.
Mas neste congresso, o CDS preservando a sua matriz
identitária, mostrou ser um partido que se sabe renovar, mostrou ser um partido
plural, dando uma vitória inequívoca a Assunção Cristas, mas preservando o
espaço para a diferença de opinião.
O Congresso reelegeu, de uma forma expressiva, uma
líder jovem e combativa, e uma equipa também ela jovem, competentes para
assumir os próximos combates políticos e para fazer uma oposição capaz a este
Governo.
O país terá a ganhar com uma oposição séria e com a
existência de alternativas.
Esta semana foi-nos vendida mais uma interpretação
facciosa.
Referiu o primeiro-ministro que “…a alternativa
à política de austeridade resultou “no maior crescimento económico desde o
início do século”.
Alternativa à política de austeridade?
Virar a página da austeridade?
É bom relembrar aqui que a austeridade começou com um
Governo precisamente da cor daquele que nos governa, Governo esse que
contratualizou o ajustamento económico do país. E que a austeridade que vivemos
é uma consequência da administração exercida por um governo socialista.
Mas o primeiro-ministro parece esquecer tudo isso, e
querer passar uma mensagem distante da realidade.
Até parece que não vivemos em austeridade.
Então o que dizer da elevada carga fiscal que nos é
imposta.
Então porque temos congelamento de salários.
Então qual a razão por que não se descongelam
globalmente as carreiras.
Então por que razão o Governo é tão peremptório na
defesa da perda de anos, para efeitos de contagem de tempo em várias carreiras.
Então porque se aprovou o pagamento faseado, por dois
anos, do que é devido pelo “descongelamento” das carreiras do regime geral (e
apenas deste regime).
Então a que se deve o desinvestimento na administração
pública.
Então porque se cativam verbas orçamentadas.
Tudo isto se não é a aplicação de medidas de
austeridade o que é então?
E tantos e tantos outros exemplos que poderíamos dar a
este Governo para lhe mostrar que vivemos em austeridade. Apenas o Governo não
o percebe, ou então não o quererá ver.
Gosta de dizer que está tudo bem.
Vivemos iludidos e no engano que a “tempestade” passou
e que tudo está bem.
Este é um discurso desfasado da realidade.
Não fosse o bom desempenho de alguns sectores,
particularmente o do turismo, e veríamos qual seria a taxa de crescimento do
país.
Não fosse o apoio, e o controlo, da Europa a Portugal
e veríamos como estaríamos hoje.
Não fosse o contexto internacional, da queda do preço
do petróleo ou das baixas taxas de juros, que gerou um contexto de crescimento global
da economia, tendo todos os países que integram a comunidade europeia
apresentado taxas positivas de crescimento, e veríamos como estaríamos.
Por estas, e por tantas outras razões é necessário
haver uma oposição que questione, que clarifique, que denuncie e que informe, e
que crie nos portugueses um sentimento de existência de alternativa.
Mas estejamos atentos ao ano de 2019, ano em que o
Governo terá todas as bondades, não fosse 2019 ano de eleições legislativas.
Por esta semana é tudo
Até para a semana
Rui Mendes
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