Uma homenagem
do Al Tejo a Domingos Maria Peças
No
rescaldo dos anunciados óscares fui ver uma obra do cineasta iraniano, Asghar
Farhadi, "FORUSHANDE" (O Vendedor), aliás já estreada no final do ano
passado nos ecrãs da nossa cidade.
E
foi uma magnífica surpresa este belo filme iraniano, com um final de grande
intensidade dramática, que tem como pano de fundo a representação da famosa
peça "THE SALESMAN" (A Morte de um Caixeiro Viajante), de um dos
maiores dramaturgos norte-americanos, que muito admiramos, Arthur Miller, já
que os dois protagonistas são o casal de actores que representam os principais
papéis da peça de Miller num palco de Teerão. E aqui não deixámos de lembrar o
nosso grande Rogério Paulo, no mesmo papel nos palcos portugueses.
Magnificamente
realizado e desempenhado, tendo como tema a vingança, mas num ponto de vista de
quem, por questões de formação e ideologia (trata-se de um professor que se
percebe ser culto e humanista, pelo menos), se procura dominar, num crescendo
de emoções que mantém os espectadores amarrados aos seus lugares, e é por isso
que tem sido tão premiado: ultimamente com o óscar para o melhor filme em
língua estrangeira, mas já o fora em Cannes e Munique, por exemplo.
Obviamente
que sendo uma obra realizada por alguém que é crítico ao actual poder político
no seu país - o da hierarquia religiosa dominante, o filme não deixa de apontar
o dedo à censura existente, sempre sob o pretexto da moral - aos diálogos da
peça de Miller, aos livros considerados pouco recomendáveis para entregar aos
jovens para ler na escola.
Sabendo-se
como o imperialismo cobiça há longos anos voltar a dominar aquele grande país e
principalmente as suas matérias primas (petróleo), que o seu último político
progressista, Mohammed Mosaddeq, havia nacionalizado em meados do Século XX,
razão porque CIA e a política britânica organizaram poucos anos depois um golpe
de estado que devolveu o poder absoluto ao Xá.
A
corrupção da monarquia veio no entanto a criar condições para a revolução que
deu o poder actual aos religiosos, o que não deixou de ser um revés para a
política norte-americana, que através da CIA, tenta desde então recuperar a
influência perdida.
No
presente, complexo e perigoso, contexto internacional, o regime iraniano, visto
do ponto da correlação das forças anti-imperialistas versus pró-imperialistas
(como a UE, por exemplo), apresenta aspectos positivos e importantes. Talvez
seja por isso também, que as grandes obras do cinema iraniano actual, embora
não escondam a natureza do regime político, não o fazem com grande violência
crítica.
1 comentário:
Excelente crônica.
Parabéns ao Sr. Dr. Egas Branco assim como ao Blog Al-Tejo.
Aproveito a oportunidade para desejar ao BLOG na pessoa do Sr.Francisco TATA Dr. Egas Branco
É a todos os ALANDROENSES;
BOAS FESTAS FELIZ NATAL E UM
PRÓSPERO ANO NOVO 2018.
Artemiso Peças
Enviar um comentário