BARRACAS DE TIRO
Quando da leitura do último “Vasculhar o Passado”, do nosso amigo A. Mesquita, que este mês se debruça sobre o local
onde se realiza presentemente a tradicional Feira da Luz: o Parque de
Exposições Mercados e Feiras, e que brevemente aqui será postado, recorda-nos determinadas
incidências passadas em feiras passadas.
A dado passo escreve o Autor:
«A
violência e actividades marginais eram também comuns: malfeitores, prostitutas, ladrões e mendigos afluíam
às feiras para burlar os mais desprevenidos, criar desordens e pedir esmolas.”
Este parágrafo trouxe-nos à
memória as tradicionais «Barracas de Tiro», ainda hoje visíveis, mas em moldes
diferentes, em muitas feiras e festas que se realizam por este País fora.
As barracas de tiro faziam
parte imprescindível quer da Feira de S. Bento, quer da Festa de Setembro e
muitas vezes prolongavam a sua estadia por mais algum tempo, quando não lhes
dava para aparecerem mesmo fora de ocasiões festivas.
Se presentemente as mesmas
hoje são geridas por pequenos empresários pertencentes à mesma família e se
tornaram numa actividade de grande seriedade, e continuam a manter as mesmas
diversões (jogos) do passado, (o tiro com pressão de ar, as latas que se tentam
alvejar e derrubar), já na sua estrutura diferem das de antigamente pela
supressão de um pequeno anexo, pomposamente chamado de quarto, e pelo
atendimento no carregar das espingardas, na altura efectuado por simpáticas donzelas,
que não se limitavam a carregar as armas, mas se o freguês estivesse pelos
ajustes a descarregar-lhe “o aparelho”.
Numa altura de grandes carências
monetárias, onde nem todos tinham a possibilidade de se deslocarem à Rua do
Torrinha ou Manuel de Oliveira, em Évora, punha-se em prática o… se não vai
Maomé… vem a Montanha!
Na festa de Setembro, na
altura realizada nos Arquizes, tal negócio funcionava fora dos olhares dos
passeantes pelo arraial, e tal como os jogos de azar, eram desviados para o
canto que dava acesso à Travessa das Pedras no cruzamento com a Rua do Rôdo,
enquanto na Feira de S. Bento se instalava por detrás da Igreja com vista para
o Alcaláte.
Foi precisamente durante uma
Feira de S. Bento, andava eu ainda na Escola Primária, que já pelo lusco-fusco,
alguém me desafiou para ir espreitar a tal barraca de tiro, prometendo-me ir
ver o que nunca tinha visto. Claro que fui. Ora como a “parede” do quarto era
de pano, com o gasómetro acesso a visibilidade do que se passava no interior
era total.
Só que, tal como eu via o
interior também os que se encontravam lá dentro me viam a mim. Ao fim e ao cabo
fui o que com propriedade se chama um “empata…” Coisa que me custou bem cara,
pois não me livrei de levar umas valentes “orelhadas”, quando o "empatado" me
encontrou mais tarde.
Chico Manel
Setembro 2017
1 comentário:
Sou assumidamente um homem de memórias, mas dessas.... bom uma noite foi forçado a vir para casa descalço e no pico do pé esquerdo, por causa duma bolha de sangue pisado, que fiz por me ter descalçado,devido a uma espreitadela.
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