Estes
textos são uma mera justificação de gosto, dirigida em primeiro lugar aos
amigos, e não são crítica de cinema, muito menos de teatro ou arte em geral... apenas representam o meu gosto em relação à obra em
causa, e nunca uma apreciação global da sua qualidade, para a qual não me sinto
com competência, além da subjectividade inerente.
Egas Branco
THE BIG SHORT - A
QUEDA DE WALL STREET
de Adam MacKay,
adaptando a obra homónima de Michael Lewis (The Big Short - A Grande Aposta)
Especulação,
corrupção, crime social!
"(...) É o grande
filme político do ano. E a academia, esmagadoramente democrata, gosta de filmes
políticos, mas talvez não o suficiente para lhe dar o Oscar, (...) Há uma
estética próxima dos documentários de Michael Moore, aplicada à ficção. (...)
Mostra uma Wall Street dominada por excêntricos invertebrados bandos de loucos,
autistas maníacos pelo lucro, sem quaisquer princípios de ética. (,..)"
(M.Halpern, JL)
Comentário:
Obviamente esses são
os instrumentos que o grande capital e a grande finança manobram como
querem.
Não será uma obra
claramente anti-capitalista mas antes uma denuncia dos excessos a que o
capitalismo em crise, cíclica, conduz, provocando milhões de vítimas, mas que
para eles não passam de números...
A obra, embora se
limite aos especuladores menores, que gravitam na órbita do sistema, embora às
vezes enriqueçam, e praticamente nunca nos mostre os que efectivamente comandam
e ditam as decisões políticas que permitem que tudo continue na mesma, não
deixa de impressionar os espectadores. Nem chegamos sequer a ver os émulos dos
famigerados Constâncios e Carlos Costas, a não ser em imagens fugazes
No entanto o filme vai
dizendo meia dúzia de verdades sobre quem acaba por pagar de facto as crises
capitalistas, ou seja, os trabalhadores e as massas populares.
Com ironia a obra
termina dizendo que o resultado da especulação, corrupção e vigarice, nos USA
foi o fecho de muitos dos grandes bancos e a prisão de dezenas de banqueiros,
mas acrescenta logo a seguir que essa afirmação (que aparece escrita no ecrã) é
uma brincadeira, isto é, concluindo que ainda não foi desta que o sistema
capitalista ruiu.
E adianta que o jovem
consultor, que no filme se apercebe muito cedo do perigo do desvario da
economia assente nas hipotecas do imobiliário e na especulação sobre elas
construída, acaba no fim investigado pelo FBI como um inimigo público... é a
"democracia" no sistema capitalista!
E não é certamente por
acaso que ao longo da obra, Cuba aparece referida por alguns dos personagens
como algo desejável, nem que seja pela sua comida...
Em conclusão, uma obra
a não perder e compreende-se a razão da pouca simpatia por ela dos críticos de
cinema nos Media dominantes no nosso País.
Nota à posteriori: foi
com agrado que verifiquei o acerto da escolha em Hollywood. Os dois Oscares
para os Argumentos foram justamente para THE BIG SHORT (A Queda de Wall Street)
(o adaptado) e SPOTLIGHT (O Caso Spotlight) (o original). Desta vez só me resta
aplaudir!
Egas Branco
2 comentários:
No alvo, Dr. Egas Branco. Ficaremos à espera de novas crónicas suas sobre cinema.
Cumprimentos
Hoje, com a tecnologia a trabalhar a favor dos "grandes écrans" na nossa sala de estar, confortavelmente instalados no nosso sofá preferido, fica um pouco fora de moda pedir às pessoas para se deslocarem a uma casa de espectáculos para verem cinema, mas, e nestas coisas há sempre um mas, atrevo-me a dizer que cinema à séria, mesmo à séria, ainda deve ser visto no escuro de uma plateia.
Os meus cumprimentos ao blog por nos proporcionar ainda este tipo de apontamentos sobre a Sétima Arte.
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