Quinta, 18 Dezembro 2014 09:14
Antonio Guerrero,
Fernando González, Gerardo Hernández, Ramón Labañino e René González, são cinco
cidadãos cubanos que estivam presos em cadeias norte-americanas desde 1998.
Durante este longo cativeiro foram
inúmeras as campanhas de solidariedade para com os cinco cubanos e as suas
famílias, acusados de espionagem após terem denunciado acções terroristas
contra o seu país, preparadas por grupos sedeados em Miami. Ontem, foram
devolvidos à liberdade os últimos três.
Ao mesmo tempo o
presidente norte-americano assumiu o falhanço da política de isolamento de Cuba
através de um implacável bloqueio diplomático e económico, que visava
condicionar o direito do povo cubano a escolher o seu destino.
Obama, implicitamente,
reconheceu que décadas de cerco, de tentativas de ingerência, de campanhas
massivas de desinformação, de organização e promoção de actividades terroristas
contra Cuba não vergaram a determinação dos cubanos de manter a sua pátria livre
e independente.
Este reconhecimento é
uma vitória clara do povo cubano contra o seu poderoso vizinho e pode ser o
início de uma nova época na relação entre os dois países.
Raul Castro afirmou a
intenção de “… aprender a arte de conviver, de forma civilizada, com as nossas
diferenças”. Para isso é preciso que os Estados Unidos abdiquem das suas
ambições imperiais, o que está longe de acontecer.
A sociedade cubana é
complexa e enfrenta desafios e problemas que compete aos cubanos resolverem e
encontrarem as soluções que entenderam serem as melhores, no quadro dos
princípios que os norteiam desde a Revolução que depôs a ditadura de Fulgêncio
Batista.
Este importante passo
dado, bem como o anúncio do restabelecimento de relações diplomáticas entre os
dois países, só terá reais efeitos na normalização das relações bilaterias
quando os Estados Unidos puserem fim ao bloqueio, como foi exigido pela
Assembleia Geral das Nações Unidas com o voto de 193 países (apenas os Estados
Unidos e Israel votaram contra) e o encerramento da base de Guantánamo, mantida
contra a vontade do Governo cubano.
Goste-se ou não do
rumo socialista de Cuba, só por cegueira ou preconceito não é possível uma
enorme admiração por um pequeno país que rodeado de mar e bloqueado pela nação
mais poderosa do mundo, resiste durante décadas e atinge níveis invejáveis em
áreas como saúde ou a educação.
O poderoso vizinho não
desistiu de voltar a ter Cuba como o seu casino privativo, mas já percebeu que
a frase “Pátria ou Morte” não é um slogan vazio para os cubanos.
Até para a semana
Eduardo Luciano
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