sexta-feira, 18 de abril de 2014

CINE CLUBE DOMINGOS MARIA PEÇAS - FASE V

                                                              CLINT EASTWOOD


 (ou de como, a partir de muito pouco – assim parecia no início – se transforma um cineasta de linha secundária, ‘realizador, produtor e intérprete’, num dos maiores nomes do cinema nos dias que correm.)

Se há um género de cinema genuinamente americano, esse género é o western: as “cobóiadas”, como sempre todos lhes chamámos. Não houve realizador, digno do nome, que tivesse passado por Hollywood e não averbasse no seu currículo dois ou três filmes desse género. Com muitos graus de qualidade à mistura, todos dedicaram algum do seu talento a este tipo de filmes. A única excepção talvez tenha sido Alfred Hitchcock. Mas esse tinha uma forma muito peculiar de fazer cinema, e nunca se desviou do género que o consagrou. Um dia, se assim calhar e a providência determinar, ainda havemos de dedicar umas linhas a este realizador que, não sabendo fazer outra coisa, já que inglês sendo, e sem desprimor, soube fazer aquilo que nenhum outro fez com a mesma maestria: o filme de “suspense”. Desde John Ford a John Huston, apenas como exemplo, todos se sentiram na obrigação de passar pelo cinema que contava a conquista do oeste norte-americano. (os índios, nativos da região, que se f.... Eram apenas carne para canhão). De tal maneira assim foi, que o género western, atraiu também muito realizadores europeus. Peço desculpa pela insistência, mas volto a bater na mesma tecla: O western norte-americano deixou de ser o género dos americanos e passou a ser um género mundial. Assim sendo, atraiu muitos realizadores europeus para este género de cinema, entre os quais Sérgio Leone, um italiano a quem nasceram os dentes nos estúdios de cinema, já que era filho de uma actriz e de um produtor da Sétima Arte. Sujeito ignorado, este Sérgio Leone, com passagem pelas pepineiras dos filmes chamados de “romanos”, dos anos da década de cinquenta, descobriu a pepita dourada com os “western spaghetti”. Filmes em que abundava o sangue (materializado em sumo de tomate), e que vieram a dar o nome ao género. Rodados no sul de Espanha, com capitais italianos, estão hoje em dia como uma revolução na evolução do western. Mas pese embora esta introdução, não queremos hoje falar de Sérgio Leone. Com bastante pena o digo, pois é realizador da minha afeição. Vamos estão ao que agora nos trouxe até ao teclado. Chega de italianos a fazer cinema americano  Queremos é falar dum outro filme: “Imperdoável”. Coisa espantosa, este filme. Americano cem por cento. Até me custa acreditar no que estou dizendo.
Senão, vejam lá:
Título Original: “Unforgiven”
Título Português: “Imperdoável”
Ano de Produção: 1992
Realizador: Clint Eastwood
Produtor: Clint Eastwood
País de Origem: Estados Unidos da América
Argumento: David Webb Peoples
Intérpretes: Clint Eastwood, Gene Hackmam, Morgan Freeman…. entre outros


O enredo do filme é: Um antigo pistoleiro, agora um simples lavrador, vai desencaixotar o velho pistolão para dar caça a uns malandrins que anavalharam uma prostituta. E é o western no seu melhor. Tudo se passa por dinheiro. Não há nenhuma moral pelo meio (e aqui também estão a espreitar os métodos e os valores expressos repetidamente pelo velho Sérgio Leone – que não acreditando nas pessoas, nem na sua redenção, faz gala em mostrar o egoísmo dos humanos – e que fez de Clint Eastwood um grande actor). O resto é previsível: todos caiem perante aquele colt 45 de cano alongado. Grandes interpretações de Gene Hackman e Morgan Freeman. Aliás, Gene Hackman, foi galardoado com o Óscar de actor secundário por esta interpretação.
Não estranhamos que Clint Eastwood tenha dedicado este filme a Sérgio Leone. Tinha sido a fonte em que ele tinha bebido. Também dedicou o filme a Don Siegel, outro realizador que o tinha influenciado uns anos antes.
A curiosidade acerca deste realizador, produtor e actor, Clint Eastwood, é que pelo meio de uma intensa actividade no mundo do cinema, ainda teve tempo para ser presidente de câmara, durante dois anos, numa pequena cidade da Califórnia: “Carmel-by-the-See”.
E o mundo continua a rodar.
E, por vezes, tudo nos parece um filme.
Por mais que nos pasmem as diversas sequências abordadas.

Rufino Casablanca
Monte do Meio – 1997
 


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