terça-feira, 18 de outubro de 2011

PESQUISAS DO AL TEJO

Sempre com o propósito de prestar um bom serviço ao Concelho do Alandroal e suas gentes, com destaque para todos aqueles que se interessam por aprofundar a história desta “mui nobre e sempre leal vila do Landroal”, o Al Tejo descobriu esta pérola que me proponho compartilhar com todos vós.

É tarefa muito difícil, para mim que não tenho os conhecimentos necessários sobre estas matérias, tecer as merecidas considerações sobre a obra que vos vou dar a conhecer. Conto no entanto poder despertar em muitos que aqui passam e alguns até colaboram, e porque não os serviços competentes da Autarquia para um estudo e divulgação sobre o tema daquilo que outrora foi uma grande valia do nosso Concelho.

                                           ARQUILÉGIO MEDICINAL

Em que se dá notícia das águas das Caldas, de Fontes, Rios, Poços, Lagos e Cisternas do Reino de Portugal e dos Algarves, e que pelas virtudes medicinais, que tem, ou por outro algum fim, são dignas de particular memória.
Escrito pelo Doutor Francisco da Fonseca Henriques, natural de Mirandela, Médico do Augustissimo Rei D JoãoV.
Impresso por ordem do Excelentíssimo Marquês de Abrantes – Conde de Penaguião & Cª em 1726.
Lisboa Ocidental na Oficina de Musica – M. DCCXXVI
Com todas as licenças necessárias.

Se clicar no link que se segue poderá consultar por inteiro o livro em referência:

http://books.google.com/books?id=XQXopEtuKEgC&printsec=frontcover&dq=inauthor:%22Francisco+da+Fonseca+Henriques%22&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=falseuriosidade

(Curioso logo no inicio a quantidade de autorizações necessárias para a publicação do livro. Se tiver curiosidade em saber de alguma fonte da sua localidade é mencionada vá “folheando” página a página)
No entanto é no Capitulo III – Fontes Frias - a partir da página 193, que algumas fontes do Concelho do Alandroal são referidas e que passamos a dar conhecimento.
(Talvez possa haver mais referências noutros capítulos, mas numa primeira leitura, ainda que superficial, não demos conta).






                                                         FONTE COPIOSA
Na Vila do Alandroal, comarca de Elvas, há uma Fonte que não deve omitir-se, afim pela bondade e excelência das suas águas, como pela copiosa afluência delas, porque estando à flor da terra, corre com impetuosa abundância para seis largas bicas, as quais parece que não bastam para desaguar tanta quantidade de água, com que arrebenta muitas vezes a arca. Serve esta água para uso dos moradores daquela Vila, e a que lhe sobeja rega os principais jardins e hortas com que a terra se fertiliza, fazendo-se merecedora da opinião que logra de fresca e deleitavel. Tendo-se por coisa certa que a água desta fonte, se lhe comunica por um rio subterrâneo que passa entre a dita Vila e a Igreja de São Bento, o qual se via em dois algares, ou aberturas, que fez sempre de tal profundidade que tendo cem palmos de altura à terra, tenha cento e cinquenta a fundura da água a qual se reconhecia correr com violência




                                                    FONTE ESTIVAL
Na entrada que sai da Vila do Alandroal, Comarca de Elvas, para a Vila de Terena, em distância de um quarto de légua, há uma fonte a que chamam Santa, porque não correndo nos Invernos; que é menos necessária, brota em todos os Estios com abundância de água. De outras fontes semelhantes a esta fazemos menção no número 17. 47. 75. 117. 183. 206.deste capitulo.
CLXXXV.



                                                          FONTE SANTA
No termo da Vila de Terena, Comarca de Elvas, no baldio a que chamam Malhada Alta, há uma fonte de pouca água à qual chamam Santa porque se tem visto que bebê-la muitos enfermos tiveram remédio nas suas queixas, o que lhe atribuem o milagre de uma imagem de N. Senhora da Conceição que está pintada na fonte e não à especial virtude da água.

                                            FONTE DE VALE DE PEZO
No termo da Vila de Juromenha, Comarca de Elvas está uma fonte a que chamam do Vale do Pezo, cuja água tem eficaz virtude para os achaques de pedra e areias; para o que a vão buscar de outras muitas terras.

Pesquisa Luís Tátá. Compilação Francisco Tátá

9 comentários:

Helder Salgado disse...

Excelente pesquisa do Al Tejo.
Surpreendeu-me por termos sido comarca de Elvas.
Em 1951, 52 conheci o senhor Padre Afonso, no colégio. Dizia-se que ele tinha descoberto numa cova, se bem me lembro chamada de ginete, uma inscrição em latim, dizendo que naquele local, passava um rio subterrâneo. Meses mais, estava eu com o pai do Doutor Correia, a quem tinha pedido boleia para Terena, o então presidente da Câmara Alexandre M Fernandes, dando noticia ao senhor Correia, disse que estava em estudo um projecto de rede de àguas e que chegaria a Montes Juntos. Assim sucedeu anos mais mais tarde.
É sem duvida uma das grandes valias do Concelho, mas que não deveria ser motivo de abandono ou de venda dos poços concelhios, pela serventia e história que encerram.
Helder Salgado

Ana Paula Fitas disse...

Caros Amigos,
Foi com grande alegria que li este post de um valor inestimável. De facto, na medida em que aí fui conduzida pelos trabalhos de investigação desenvolvidos no concelho, pelo facto do Alandroal ter pertencido à comarca de Elvas, cheguei a ter que consultar documentação no Arquivo Distrital de Portalegre!... mas, quero partilhar convosco uma informação que, quando a "descobri" me encantou, talvez mais ainda por ser uma admiradora profunda da obra de Ruben Andersen Leitão, escritor e embaixador português
(1920-1975) que realizou, entre 1967 e 1969, para a Fundação Calouste Gulbenkian, um trabalho de pesquisa notável relativo à Inventariação de Fontes e Chafarizes de Portugal. Ruben A. (nome literário do autor) entregou o trabalho à instituição em Dezembro de 1969 e, apesar de inédito, tive a honra de o consultar na respectiva Biblioteca, tendo verificado que nele estão, também, identificadas as fontes e chafarizes do Alandroal devidamente ilustradas fotograficamente por Fernando da Silva Fernandes. Fica mais esta "achega"...
Um grande abraço amigo e solidário nesta causa que é de todos -e para a qual o AL-TEJO tem vindo a ser um magnífico instrumento que nunca será demais saudar!

Anónimo disse...

MUITO BOM este trabalho de pesquisa.
Há tanto ainda para escrever sobre o Concelho do Alandroal...
O Helder e a Ana Paula Fitas assim nos mostram, ao momento.
Porquê as fontes? Dirão alguns.
Tudo importa conhecer.
Por detrás do que se escreve e diz sobre as fontes MUITO HÁ para "mostrar".
Supostamente conhecem "a resposta do prior Bento Ferrão Castel-Branco ao 'notável?' INQUÉRITO DO MARQUEZ DE POMBAL" sobre os efeitos do terramoto de 1755 no concelho, onde se tecem muitas referências ás Fontes.
Aqui estará "um motivo" para o cruzamento do trabalho de pesquisa do Luis Tátá com o do inquérito do Marquez de Pombal.
Olhem!!! Não é de todo esquivo referir o que a rainha D. Amélia dizia, quando se deslocava ao Alandroal: QUEM COMER FIGOS DO "CARAMBÔ" E BEBER «ÁGUA DO CIDRAL» NÃO SAI DO ALANDROAL.

A água do Cidral!!!

Felicito o Luis e o Chico "pelos seus arranjos", também o Helder e a Ana pelo conteúdo dos seus comentários.

Abraços para todos

Tói da Dadinha

Anónimo disse...

Parabéns pela notícia sobre as fontes.
Uma ressalva: a terceira fonte citada é Fonte do Valle defeso.
MB

Anónimo disse...

Obs.


Como é já do conhecimento do Autor desta magnifica postagem,já tive oportunidade de lhe manifestar directamente a minha opinião sobre a qualidade,e a oportunidade "histórica"do tema que aqui propõe para estudo,consulta e divulgação.

É caso para dizer que quando não somos nós a ir ter com a História,é Ela que, afinal, acaba por vir ter calmamente connosco.

Assim seja!


ANBERBEM

Anónimo disse...

Bom trabalho.
Espero que quando vier ao de cima a questão da privatização da água, nós, os alandroalenses, nos saibamos manter unidos.

Anónimo disse...

Infelizmente, já não vamos a tempo de fazer nada !!! que eu saiba e se estiver enganado, que me corrijam!!!a NOSSA ÁGUA, foi entregue pela anterior administração da CAMARA , ás aguas do Alentejo, parece-me que é assim que se chama...gostaria que alguém me explicasse, porque tinha que ser assim. Quais as razões que assistiam a Camara para efectuar tal negócio, com o qual só nós Alandroalenses ficámos a perder..Portanto, já nada deve haver para privatizar, penso eu de que...
Pobre País, onde chegaste...
um abraço,
HOMERO

Anónimo disse...

mas porque é que o senhor Homero diz que ficou a perder?

Anónimo disse...

não entende ou quer que lhe explique ??? Eu não fiquei, ficámos...
A água era nossa e foi entregue as aguas do alentejo para exploração, não é assim ???
Então, as mais valias que podiam ficar na mão da CAMARA,foram dadas aos outros, e pelo andar do assunto "água", dentro de algum tempo vai assitir á venda de agua do Alandroal para outros locais, sem que o concelho venha a beneficiar de nada...
Se assim não for, explique-me o que ficámos a ganhar com o negócio...
Cumprimentos,
HOMERO